O Santo Sudário em 3D

Com a ajuda de programas de computador, artistas gráficos conceberam, em terceira dimensão, os traços do Santo Sudário.

A peça de linho é tida como a que cobriu o corpo de Cristo após sua crucificação, mas desperta dúvidas e contestações no mundo científico.

A experiência foi mostrada no documentário The Real Face of Jesus? (“O rosto real de Jesus?”, em português), exibido pelo canal History Channel nos Estados Unidos (no Brasil, ainda sem previsão de ir ao ar).

O Sudário, considerado uma relíquia pela Igreja Católica, é mantido na Cappella della Sacra Sindone do Palácio Real de Turim, na Itália, e raramente exposto a público. Mesmo assim, os artistas tiveram acesso ao manto.

O especialista por trás do trabalho, Ray Downing, do Studio Macbeth, em Nova York, já tinha feito outras reconstruções, como a do rosto do ex-presidente americano Abraham Lincoln. Ele contou com o apoio de John Jackson, pesquisador do Santo Sudário.

– A presença de dados em três dimensões é bastante inesperada. É como se a imagem contivesse um manual de instruções sobre como se construir uma escultura – explica Downing.

Conforme o artista, o resultado é muito diferente da imagem que aparece no Sudário porque ela foi transformada de 2D para 3D.

– O Sudário não estava pendurado na parede, mas envolto em um cadáver. O rosto está escondido lá. Simulando as distorções, pudemos tirar uma imagem e aperfeiçoá-la, tentando recriar a aparência original.

Além disso, continua, as marcas no Sudário não foram suficientes para recriar a figura completa, faltando detalhes como poros e sobrancelhas, que ficaram por conta da “experiência” do artista.

A imagem em 3D despertou polêmica principalmente entre os fiéis, segundo os quais os cientistas não deveriam tentar recriar a imagem de Jesus. A maior crítica, porém, recai sobre o ponto de partida do trabalho – o Santo Sudário é tido como uma farsa por muitos pesquisadores (veja quadro).

Entre 10 de abril e 23 de maio, a Catedral de São João Batista, em Turim, fará uma rara exibição pública da relíquia, que, acredita-se, deve atrair milhões de pessoas. A última exibição pública do Sudário ocorreu há 10 anos.